PAI! SAUDADE PAI!
QUE SAUDADE...
Pai...
Pai,
palavra de três letras que tantas coisas pode nos fazer lembrar, sentir, pensar!
Pai
que saudade!
Há quase
um ano você foi embora...
Logo
depois de uma viagem...
Terra
santa que amavas...
Para
mim pai: terra da guerra, da falácia, da intolerância...
Neste
mês de novembro... Sofrido, angustiante, definhando numa cama de hospital!
Sem
falar!
Sem
comer!
Sem
reconhecer!
Sem
respirar sozinho! Agulhas sem fim! Remédios! Fraldas! Alergias...
Dores...
Febre...
Seus
ossinhos aparecendo...
Seus
pés se retorcendo... Fezes e urina, sangue e feridas, frio e calor, suor, pavor...
Como
gostaria de ver o senhor agora... Saudável, livre, sorridente...
Pai
que saudade...
Difícil
falar, difícil escrever, difícil lidar...
Saudade,
vontade de voltar no tempo...
Pai
que saudade...
Meu
herói! Naquele dia... Ao realizar o que Deus não queria realizar...
Que
numa tempestade que você pensava que era castigo divino...
Ficou
sobre eu e meu irmão como o senhor escreveu pai:
“Igual
um casco de tartaruga!”
Protegendo-nos
na tempestade louca que destruíra nossa humilde casa!
Lá
em Viamão, décadas atrás...
O
telhado foi arrancado, tudo destruído! Deus irado!
Eu e
meu irmão, doentes de sarampo, tempestade caindo, Deus com raiva pai...
Não
entendo!
Mas
sei que a tua fé pai era parte de ti, estava impregnada em ti!
Sua
fé era seu sentido, sua bússola, sua vida...
Pai
que saudade...
Teu
olhar...
Pai
que saudade!
Teu
sorriso...
Pai
que saudade!
Os
debates...
Pai
que saudade!
O
senhor defendendo a fé...
Pai
que saudade!
Seus
testemunhos de fé...
Pai
que saudade!
Suas
orações que faziam tremer o mundo...
Pai
que saudade!
Seu
amor pela igreja...
Pai
que saudade!
Sua
humildade e firmeza diante dos lobos ladrões dos templos... Que se multiplicam
ainda...
Pai
que saudade!
Sua
voz...
Pai
que saudade!
Seu
amor pela natureza, pelos animais, pelas plantas...
Pai
que saudade!
Seu
gosto de ver o noticiário, os problemas do mundo, o “repórter” como o senhor
falava...
Pai
que saudade!
Seu
gosto, sua vontade de usar ternos, gravatas...
Pai
que saudade!
Seu
orgulho de carregar, levantar, manejar a “espada” a “palavra”...
Pai
que saudade!
Seu
mastigar de olhos fechados, saboreando uma galinha assada...
Pai
que saudade!
Seu
pedido com o dedo pra cima: “uma fanta laranja!”
Pai
que saudade!
Sua
condenação à bebida, ao beber álcool...
Pai
que saudade!
Sua
coragem de assumir que errou ao votar “naquele” e agora vota “neste”...
Pai
que saudade!
Pai
que saudade...
E,
nestes dias ela aumenta...
Pai
Benito que saudade!
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