domingo, 9 de outubro de 2011

A Escrita!

Pensando sobre a escrita...






A invenção da escrita não ocorreu da noite para o dia, não temos uma data específica e única para o seu desenvolvimento. Além de ser inventada em diferentes regiões por culturas diversas: Sumérios (Mesopotâmia, escrita cuneiforme), no Egito (Hieróglifos), na China (grande número de símbolos), Índia (Sânscrito). Ou seja, não há uma linearidade na História! Enquanto um grupo de pessoas desenvolvia a escrita outros grupos poderiam desenvolvê-la só que de formas diferentes, e ainda, os grupos humanos (em sua maioria) viviam sem acesso a esse conhecimento, e, mesmo nas sociedades onde existia a escrita, era reservada a um percentual reduzido da população (religiosos, escribas, líderes). Ainda hoje, existem pessoas que não utilizam a escrita em seu cotidiano!Além disso, não podemos classificar os seres humanos que pintaram as obras rupestres há milênios antes da invenção da escrita de inferiores! Não devemos considerar um povo ágrafo inferior ao que desenvolveu a escrita. É necessário nos despojarmos dos preconceitos e de nossas intolerâncias! Compreender que se nascêssemos ou vivêssemos naquela determinada época, naquele espaço geográfico, com o seu zeitgeist específico, com sua mentalidade, seu imaginário, não temos como (e é um absurdo acreditar) afirmar que: poderíamos realizar diferentes, ou até, melhores e mais racionais, viver e pensar, agir diferentemente do que essas pessoas de outro tempo agiam. Anacronismo! Esse é o nome do “pecado”.Continuando o raciocínio sobre a escrita: são inegáveis as mudanças ocorridas nas civilizações depois da sua invenção. A partir da escrita, os calendários, registros, textos políticos e religiosos (quase sempre os dois simultaneamente), os cálculos, as epopéias, os poemas, oráculos, enfim: a produção cultural, intelectual, o conhecimento poderia ser registrado, e mesmo com o seu acesso restrito a elite sacerdotal ou política, a escrita proporcionou para a humanidade um desenvolvimento diferente da forma oral de comunicação e expressão, a escrita era (ou parecia ser) eterna, profunda, deslumbrante, misteriosa, peculiar, divina...Antes da escrita, (dialeticamente) a humanidade desenvolveu as línguas (que continuam se transformando), as técnicas de produção e manipulação do fogo, os artefatos de pedra, ossos, madeira, o arco e a flecha, as lanças, as esculturas e pinturas rupestres, formas de domínios, exploração e governos, domesticação de animais, a agricultura, as construções, os rituais e Mitos... Porém, com o advento da escrita, a informação, o conhecimento, antes transmitido de forma oral e através das construções culturais citadas no parágrafo anterior. Agora, com o advento da escrita, o registro, a produção, a disseminação, o exercício do poder político e religioso, os cálculos matemáticos... Estavam “recortados” diretamente das mentes dos homens e “colocados” na pedra, na madeira, nos metais, nas peles de animais, nos papiros, nas carapaças de tartarugas, pergaminhos, nos tecidos, e (contemporaneamente) no papel, e em telas de computadores...Os escritores e os leitores (de todas as épocas e lugares) não existiriam se há milênios os seres humanos não desenvolvessem essa forma de comunicação tão especial, multifacetada, brilhantemente orquestrada pelo intelecto humano!Temos que ir mais longe: o mundo, as sociedades, a maioria das culturas, as religiões, a grande parte das invenções humanas, as tecnologias, tem total ligação e interação com a escrita. A humanidade com o advento da escrita acelerou sua intervenção, no ambiente, nas suas inter-relações, na própria natureza e realidade!

                                                                  Oséias Faustino Valentim